Getting your Trinity Audio player ready...
|
Batatas fritas e cervejas artesanais são parte da gastronomia e da cultura da Bélgica. “Não a fabricação, mas as tradições”, explicou o embaixador da Bélgica no Brasil, Patrick Herman, em entrevista exclusiva ao Diplomacia Business. Segundo ele, é comum existirem barracas ou cantinas, tipo trailler, na praça central de cada vila da Bélgica, oferecendo principalmente batatas fritas, com entre 10 a 20 molhos.
“A Unesco reconheceu a cerveja belga e a batata frita como herança cultural mundial, mas não a culinária da batata frita ou a fabricação da cerveja, e sim a cultura de compartilhar com a família e amigos esses produtos e as tradições”, comentou.
O diplomata contou que às sextas-feiras são dias das “fritas”, ou seja, sobretudo dias das crianças nas escolas comerem batatas fritas, produto que a Bélgica exporta congelado, com mercado em ascensão. Mas é claro que a culinária belga é muito mais do que as fritas. O país é famoso pelos chocolates de alta qualidade, as tortas especiais, os pratos com frutos do mar, como o waterzooi, uma sopa ou guisado de peixes e vegetais, engrossado com natas e gemas de ovos. “Se parece com a moqueca brasileira”, explicou o diplomata
“Temos ostras, salmão e, no Natal, o peru e os bolos. O nosso café da manhã começa com chocolate”, ressaltou o embaixador. É comum, nesse café incluir pão com queijo branco cremoso, pimenta e rabanete. Segundo Patrick Herman, os chefs estão empenhados para “utilizar o máximo possível a produção local”.
Cervejas – De acordo com o embaixador Patrick Herman, Bruxelas, a capital, tem muito verde e jardins, onde as pessoas costumam passear. Antes, tomam cerveja, quase sempre amarga. O embaixador apresentou uma mesa com queijos, mousse de chocolate, vinhos, cones com batatas fritas, cervejas belgas e várias taças. Em seguida, explicou que para cada tipo de cerveja existe um copo ou taça apropriado, o que combina melhor com cada sabor.
A Bélgica é reconhecida como o paraíso das cervejas. Concentra em seu território muitos produtores e diferentes rótulos. Incorporou o jeito de fazer cerveja também de outros povos, desde a Idade Média, época em que os mosteiros eram os principais fabricantes.
Chocolates – A composição do chocolate foi regulamentada em 1894, na Bélgica. A partir dessa regulamentação, todos os chocolates devem ter no mínimo 35% de cacau. Foram os belgas que inventaram as barras de chocolates. Os primeiros povos a cultivar cacau foram os Maias e os Astecas, no México. Com a conquista espanhola, o alimento chegou à Europa.
Os belgas aperfeiçoaram o conhecimento do produto e o grau de exigência para sua qualidade, criando uma indústria famosa e lucrativa. Também famosos na Bélgica são o Waffle, massa de ovos, leite, farinha e mangeira, prensada em formato de favos de mel. Os Waffles podem ser consumidos com doces ou salgados, mas na Bélgica geralmente são acrescidos de doces, frutas, chantilly ou chocolate.
Outra tradição belga são os Speculoos, típicas bolachas natalinas, com o desenho de um santo que lembra o Papai Noel da região, o São Nicolau. Os Speculoos são feitos à base de manteiga, especiarias e açúcar mascavo.
Feiras
O embaixador destacou que Bruxelas sedia dois grandes eventos de gastronomia anualmente: a Feira Mundial de Peixes do Mar; e o Salão de Vinhos e Cerveja. O diplomata elogiou Marc Sorms, autor do livro “Sabores Belgas no Brasil”: “ele criou uma história completa”, observa. O belga Marc é formado em Biblioteconomia e desde 2014 pesquisa, descreve e divulga a herança belga no Brasil.
Marc Sorms lembra que a Bélgica foi invadida e governada, ao longo dos séculos, por vários povos e nações. Celtas, romanos, francos, vikings, borgonheses, espanhóis, austríacos, franceses, holandeses e alemães passaram pela região. “Todos eles deixaram no país, além de alimentos, suas técnicas culinárias”, comenta Sorms.
O embaixador Patrick Herman fica até agosto de 2022 no Brasil, país onde se sente “enamorado, desde Porto Alegre a Belém”. Ele veio para Brasília há 3 anos. Antes, foi embaixador da Bélgica em Veneza e serviu como diplomata nos Estados Unidos, em Zimbábue (África) e em países da Ásia e China.