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Por: RFI
“Preferimos o reencontro à vingança, a unidade à fratura”, declarou o líder socialista, no poder desde 2018, durante o seu discurso de posse perante a Câmara dos Deputados.
A futura lei de anistia, que pretende virar a página da tentativa de independência da Catalunha em 2017, “beneficiará muitas pessoas e líderes políticos” processados pelos tribunais, “cujas ideias não compartilho e cujas ações rejeito”, sublinhou Sánchez.
Mas é preciso “fechar as feridas” abertas por esta “crise política da qual ninguém pode se orgulhar”, continuou afirmando perante os deputados; o premiê disse ainda que pretende garantir “a unidade da Espanha através da via do diálogo e do perdão.”
Durante o discurso de uma hora e quarenta e cinco minutos, Sánchez defendeu a constitucionalidade desta medida, à qual se opôs no passado, e pediu à oposição de direita, que levou, no domingo, milhares de pessoas às ruas para protestar contra a anistia, à “responsabilidade”.
“O problema do Partido Popular” (PP), principal partido de direita e da extrema direita do “Vox, não é a anistia”, mas o fato “de não aceitarem o resultado” das eleições legislativas de julho, disse Sánchez, que se submeterá a um voto de confiança na quinta-feira (16).
Sanchéz ficou em segundo lugar, atrás de seu rival, o conservador Alberto Núñez Feijóo, na votação de 23 de julho, mas tem a certeza de obter a maioria no Parlamento, necessária para sua reeleição.
Ao contrário do líder do PP, incapaz de chegar ao poder devido à falta de apoio suficiente na casa, o líder socialista, conhecido pela sua capacidade de sobreviver politicamente, conseguiu forjar diversas alianças.
Obteve assim o apoio da esquerda radical, em troca de um acordo que previa um novo aumento do salário mínimo e uma redução de 40 para 37,5 horas na duração da semana de trabalho, e dos partidos bascos.
O líder de 51 anos também conquistou, e sobretudo, o apoio dos dois principais grupos separatistas catalães: Juntos pela Catalunha (Junts), de Carles Puigdemont, e Esquerda Republicana da Catalunha (ERC). Esta base é suficiente para garantir um total de 179 votos no Parlamento, enquanto a maioria absoluta se fixa nos 176.
Mas a medida de anistia – solicitada em particular por Carles Puigdemont, que fugiu para a Bélgica em 2017 para escapar de processos judiciais – despertou uma profunda divisão na sociedade espanhola e levantou dúvidas sobre a capacidade de Sánchez de governar com serenidade.
Manifestações
Durante dez dias, a extrema direita realizou manifestações, algumas violentas, em frente à sede do Partido Socialista em Madrid. O PP e o Vox, que pedem que os espanhóis “resistam” ao novo governo, também planejam aumentar os recursos judiciais contra a anistia.
Pedro Sánchez aceitou esta medida “exclusivamente para (obter) os sete votos” dos deputados do Junts “de que necessita”, denunciou quarta-feira a secretária geral do PP, Cuca Gamarra. “Não é pela Espanha, nem em nome do povo espanhol”, insistiu, acusando o primeiro-ministro de alimentar a “divisão”.
Devido às tensões em torno de sua posse, mais de 1.600 policiais foram destacados nesta quarta-feira ao redor do Parlamento, que ficou completamente isolado pelos agentes.
Um manifestante mostra um cartaz onde está escrito “Pedro Sánchez, traidor”, em Madri, em 7 de novembro de 2023.
Um manifestante mostra um cartaz onde está escrito “Pedro Sánchez, traidor”, em Madri, em 7 de novembro de 2023. AP – Paul White
O primeiro-ministro “vai quebrar a igualdade dos espanhóis diante da lei”, denunciou Jacinto Medina, de 50 anos, que veio se manifestar perto do Parlamento, mostrando uma faixa que acusava o socialista de “traição”. Ele “está vendendo a Espanha” aos separatistas catalães, disse a manifestante Belén Valdez, enrolada em uma bandeira espanhola.
Pedro Sánchez defendeu o direito à manifestação, ao mesmo tempo que pediu à direita para não “aproveitar esta situação para atear fogo nas ruas”.
(Com informações da AFP)