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O ex-chanceler e assessor especial da Assuntos Internacionais da Presidência da República do Brasil, Celso Amorim (foto acima), disse nesta terça-feira (31) que 2024 será o ano da África na política externa brasileira. Ele falou na abertura do Fórum Brasil África, que ocorre até esta quarta-feira (01) na capital paulista, promovido pelo Instituto Brasil África.
“Ouso dizer, estando aqui falando não em nome dele exatamente, mas acho que inspirado por seu pensamento, eu diria que ano que vem, em grande medida, será o ano da África na política externa brasileira”, falou ao público do fórum, referindo-se ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com Amorim, neste ano de 2023 foi necessário que o Brasil se reinserisse no mundo, com participação de Lula em vários eventos internacionais e reforçando a integração da América do Sul e presença na América Latina. “Mas tenho certeza que ano que vem haverá uma atenção redobrada (à África). É essa a mensagem que eu trago do presidente Lula em relação à África”, disse.
Amorim, no entanto, chamou os presentes a uma nova relação com o continente. “É preciso que nossa cooperação com a África agora e daqui para a frente leve em conta não só a visão – positiva, mas que não deixava de ter um certo paternalismo – de como o Brasil pode ajudar os países africanos, passar dessa visão para uma visão que compreenda que a África é um continente em crescimento”, falou o ex-chanceler.
Amorim afirmou que há uma perspectiva não só de contribuir com o desenvolvimento africano, mas de um desenvolvimento conjunto. “Empresários brasileiros, empresários africanos, com a participação também de outros, eventualmente, podem trabalhar juntos”, disse, citando possibilidades em agricultura, inteligência artificial, questões do clima e florestas.
O ex-chanceler disse também que o combate à desigualdade – pauta levantada por Lula no grupo do G20 – deve estar na aproximação Brasil-África e que vê como um dos grandes problemas na relação do País com o continente a ligação aérea. Ele sugeriu que companhias do Oriente Médio, como dos Emirados Árabes Unidos, façam alguma escala na África Ocidental.
O diplomata falou ainda que um evento como o Fórum Brasil África é importante em um momento tão grave da humanidade. Ele lembrou que nesta terça-feira (31) o chanceler Mauro Vieira está em Nova York tentando aprovar resolução no Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre o conflito no Oriente Médio e disse que não se trata apenas de defender os que sofrem na região, mas também as Nações Unidas. “Ver a ONU enfraquecida é algo que preocupa extremamente”.
Amorim teve uma reunião com o ministro de Estado dos Negócios Estrangeiros e membro do Gabinete dos Emirados Árabes Unidos, Shakhboot bin Nahyan Al Nahyan, no WTC Events Center, onde ocorre o fórum.
Al Nahyan fará a abertura do segundo dia do fórum. “Estamos descobrindo um potencial de parceria muito grande, que já está se desenvolvendo”, disse Amorim à imprensa sobre a reunião com Al Nahyan.
Comentando o encontro, Amorim falou sobre o interesse em uma cooperação trilateral com os Emirados Árabes Unidos. A ideia de viabilizar projetos de cooperação entre e o Brasil e a África com a participação dos Emirados é defendida em várias instâncias. “Muitas vezes você tem a ideia, mas não tem os recursos, tem os recursos, mas não tem a tecnologia, então, essa combinação trilateral é muito importante”, falou o ex-chanceler.
Amorim foi recebido no fórum pelo presidente do Instituto Brasil África, João Bosco Monte, que fez a abertura do evento. Bosco chamou os brasileiros a valorizarem mais o que há do outro lado do Atlântico e a verem o potencial gigantesco e a capacidade de troca que há na África. “Dirigentes africanos hoje têm grande avidez de fazer negócios com o Brasil e nós temos a convicção de que estamos num momento oportuno”, disse Bosco ao público.
Foto: Isaura Daniel/Anba