A pressão sobre os ecossistemas hídricos e terrestres em nível global foi intensa e, em alguns casos, chegou a um ponto crítico, o que pode colocar em risco a meta de alimentar a população mundial até 2050, avisou a ONU em um relatório.
Lançado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a “Situação Mundial Terrestre e dos Recursos Hídricos para Alimentos e Agricultura” de 2021 destacou que cerca de 33 por cento do solo do planeta está atualmente marcado por degradação moderada a alta.
E, embora as tendências no uso de recursos estivessem aumentando, assim como a degradação do solo, a disponibilidade de novas terras para dedicar à produção agrícola era baixa.
Somando os efeitos das mudanças climáticas e da perda de biodiversidade, isso significaria que “os atuais padrões de produção agroalimentar não estão se mostrando sustentáveis”, segundo o relatório.
“Neste contexto, está claro que nossa segurança alimentar futura dependerá da proteção de nossa terra, solo e recursos hídricos”, explicou o diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, no prefácio do relatório.
Isso era especialmente verdadeiro considerando que se esperava que a população global atingisse cerca de 9,7 bilhões de pessoas até 2050.
A FAO estimou que até 2050, o setor agrícola precisaria produzir “quase 50 por cento mais alimentos, forragem para gado e biocombustíveis do que em 2012 para satisfazer a demanda global”. Uma meta difícil de cumprir, se houvesse poucas chances de expansão de terras produtivas.
Ao revelar o relatório, Qu explicou que ainda havia espaço para uma abordagem positiva e proativa do problema.
Na verdade, os mesmos sistemas agroalimentares podem desempenhar um papel crucial na mudança desses padrões, aliviando as atuais pressões sobre a água e os ecossistemas do solo, e basicamente reverter o processo de degradação da terra, enfatizou ele.
Em uma análise detalhada, o relatório deixou bem claro que as ferramentas necessárias para implementar tais mudanças já estavam à disposição.
“Práticas agrícolas sustentáveis podem levar a melhorias diretas no estado da terra, solo e água, gerando benefícios para o ecossistema e reduzindo as emissões da terra”, observou.
No entanto, acrescentou que apenas um “governo fundiário e hídrico muito reformado” permitiria uma gestão de terras corretivas.
“Qualquer avanço na transformação dos sistemas alimentares para atender à demanda futura exigirá um enfoque no planejamento dos recursos da terra, no qual as análises sistêmicas da terra, solos e água são combinadas com o monitoramento da pobreza e da segurança alimentar”, especificou.