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“Aqueles que ficaram”, filme do diretor Barnabás Tóth, abriu sábado, 16, a Mostra de Filmes Contemporâneos Húngaros, que pode ser vista neste final de semana, dias 22, 23 e 24, sempre às 19h, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília. A mostra resulta de uma parceria do CCBB e a embaixada da Hungria, tendo a curadoria do embaixador Zoltán Szentgyörgyi. A seleção dos filmes escolhidos apresenta algumas das melhores obras da última década.
Sexta-feira, será exibido “O Bandido”; sábado, “Valan: Vale dos Anjos”; e domingo, “Aurora Borealis”. As sessões são sempre às 19h. Os ingressos são gratuitos e disponíveis no dia de cada seção, a partir das 9h, no site https://www.eventim.com.br/artist/mostra-hungaros/
Ao abrir a mostra, o embaixador Szentgyörgyi agradeceu a cooperação do CCBB e da equipe da embaixada da Hungria por viabilizar a exibição dos filmes. Lembrou o aniversário da revolução de 1956 dos húngaros, comemorada na semana passada, e destacou a importância dos diretores e cineastas do país, que formam três grandes gerações.
Casa Blanca – Antes da 2ª guerra mundial, húngaros fundaram os grandes estúdios de cinema. O embaixador Szentgyörgyi exemplificou: Adolph Zukor fundou o Paramount Pictures em 1917; William Fox fundou o Fox Film Company que depois se tornou 20th Century Fox, em 1914. Alexander Korda fundou o London Film e foi o primeiro cineasta do mundo que recebeu o título de cavalheiro das mãos da rainha da Inglaterra. O filme “Casa Blanca” de 1942 foi dirigido por Michael Curtiz. Essa foi a primeira geração.
A segunda grande geração de cineastas, segundo o embaixador, foi nos anos 60 e 70, e teve grande influência dos colegas franceses e italianos. “Depois de 1990, temos uma nova geração de talentosos diretores de cinema. Caso queiramos procurar um elemento comum entre essas personalidades é que todos conseguiram dizer alguma coisa universal através da nossa própria história”, comentou, lembrando que primeiro é necessário ver, compreender a história dos húngaros.
Quem somos? – Segundo o embaixador, há uma questão eterna para os húngaros, “uma questão pela qual lutamos há muito tempo: quem somos nós? Who are we?”. O diplomata explicou que quando ele tem de responder a essa pergunta, sempre pensa no seu avô, nascido em 1892, que lutou durante a primeira guerra mundial, sobreviveu durante as grandes crises econômicas de 29 e 33, e depois também à segunda guerra mundial. “Depois da segunda guerra mundial, vieram os anos do comunismo, comunismo duro do stalinismo, e depois em 1956 a nossa bonita revolução”, comentou.
Na avaliação do diplomata, o século 20 foi um século muito difícil para os húngaros. “A Hungria perdeu metade da população durante a primeira guerra mundial, não só pelos mortos, mas também pela modificação das fronteiras. Perdemos 3 milhões de habitantes nos anos 20 e 30, por conta da crise econômica, que afetou diversos países, inclusive o Brasil.”
Holocausto – Ainda, na avaliação do embaixador, durante a segunda guerra mundial, a tragédia foi profunda em relação ao número das vítimas húngaras, só atrás da União Soviética e Polônia. “Temos 540 mil compatriotas judeus que foram executados, durante o holocausto. E em 1956, 11% dos estudantes saíram do país. A experiência básica para os húngaros é o milagre da sobrevivência”, disse, explicando que o nome do filme de abertura da mostra “Aqueles que ficaram” é mais do que simbólico.
Por último, o embaixador disse que as coisas mais importantes da vida são as emocionais. “Temos, naturalmente, a razão e o coração, mas o coração é o mais importante”.
Os filmes – Cada filme da Mostra de Filmes Húngaros Contemporâneos é apresentado em uma única sessão, no teatro do CCBB, um espaço amplo, que oferece segurança e conforto ao público, limitação de pessoas e distanciamento entre as cadeiras.
“Com a realização desta mostra gostaríamos que o público brasileiro se familiarizasse ainda mais com este sentimento de vida e histórias tipicamente centro-europeias”, explicou o diplomata do consulado-geral da Hungria em São Paulo, Balázs József. Ele acredita que a qualidade da sétima arte no Brasil e a perceptividade dos cinéfilos do país contribuirão para uma boa apreciação destes longa-metragens.
Programação da Mostra de Filmes Húngaros Contemporâneos:
22/10 – Sexta-feira
19h – “O Bandido” (A Viszkis)
(Antal Nimród, 2017, 120min, 14 anos)
23/10 – Sábado
19h – “Valan: Vale dos Anjos” (Valan: Angyalok Völgye)
(Béla Bagota, 2019, 97 min, 16 anos)
24/10 – Domingo
19h – “Aurora Borealis”
(Márta Mészáros, 2017, 104min, 16 anos)
As sinopses de cada filme da mostra estão no site bb.com.br/cultura