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“Seria fácil culpar a Europa por tudo”, disse Macron durante uma coletiva de imprensa com o primeiro-ministro sueco Ulf Kristersson. O francês observou que “sem uma Política Agrícola Comum (PAC), os nossos agricultores não teriam renda e muitos não seriam capazes de sobrevier”. A PAC, ele explica, organiza a concorrência e regula o apoio à agricultura no âmbito europeu.
Macron também justificou a recusa em celebrar o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, desejado por outros países como a Alemanha, pela existência, segundo o francês, de “regras que não são homogêneas com as nossas”.
O presidente da França pediu, também, “medidas claras” sobre as importações de frango e cereais da Ucrânia. Ele deve se reunir na quinta-feira (1°) com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, à margem de uma cúpula europeia.
Emmanuel Macron ainda criticou redes de distribuição e de comércio que, segundo lamentou, “contornam a lei francesa” de garantia de preço mínimo aos produtos agrícolas, assunto que ele pretende discutir em nível europeu, conforme acrescentou.
Apoio à Ucrânia
Durante o encontro, o presidente francês e o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, concluíram uma “parceria estratégica renovada”, com destaque para a defesa.
Nesse contexto, Macron fez um apelo aos europeus para que apoiassem a Ucrânia “a longo prazo” e compensassem qualquer possível declínio na ajuda americana a Kiev, poucos meses antes das eleições presidenciais nos Estados Unidos.
“Devemos ser os únicos a decidir por nós mesmos e não delegar esta tarefa às grandes potências, mesmo que sejam muito bons aliados porque eles vivem do outro lado do oceano”, afirmou Macron em discurso na Academia Militar de Karlberg.
Ele ainda pediu decisões “justas e corajosas”, mesmo “inovadoras”, nos próximos meses para acelerar o apoio militar à Ucrânia, “saudando” a proposta do primeiro-ministro da Estônia, Kaja Kallas, que propõe considerar novos métodos de financiamento para compras militares na Europa.
“Devemos estar prontos para agir, defender e apoiar a Ucrânia aconteça o que acontecer”, insistiu Emmanuel Macron, dizendo que o “custo” de uma vitória russa seria “muito alto”.
A Hungria do primeiro-ministro Viktor Orbán é o último país da UE a obstruir o pagamento da ajuda europeia de € 50 bilhões, ao longo de quatro anos, à Ucrânia.
A invasão da Ucrânia por Moscou, há quase dois anos, mudou a posição da Suécia: há muito tempo um país neutro militarmente, Estocolmo decidiu aderir à Aliança Atlântica. O país conta com uma sólida indústria de defesa.
França e Suécia têm em comum o fato de terem desenvolvido, de forma independente, um avião de combate: o Rafale do lado francês, o Gripen do lado sueco.
A Suécia “é um país que tem a mesma visão de soberania que a França” com “o desejo de desenvolver capacidades num espectro muito amplo, sejam operacionais ou industriais”, afirmou um conselheiro do presidente francês, sublinhando uma abordagem comum à necessidade de entrar numa “economia de guerra”.
(Com informações da AFP)