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No período de 10 a 21 de março, três militares da Marinha do Brasil (MB) participaram do curso de qualificação em “Operações de Busca e Salvamento” (SAR, na sigla em inglês) na “National Motor Lifeboat School”, da Guarda Costeira dos Estados Unidos da América (USCG), em Ilwaco, Washington (EUA). O intercâmbio faz parte do processo de capacitação de militares para o recebimento de duas Lanchas de Busca e Salvamento (LSAR) compradas pela Força Naval, cuja previsão de entrega é novembro deste ano.
A National Motor Lifeboat School é a escola de treinamento da Guarda Costeira dos Estados Unidos especializada na operação de barcos de socorro e resgate. Os militares brasileiros que participaram da formação tiveram acesso à instrução avançada para tripulações que operam lanchas de 47 pés em condições climáticas extremas, como ondas fortes e tempestades.
“Ter operado com a Guarda Costeira dos EUA na foz do Rio Columbia, local ideal e único para esse tipo de adestramento, nos fez criar uma confiança capaz de enfrentarmos qualquer condição climática no Brasil, pois já presenciamos o pior e vimos que é possível realizar um resgate assim”, explicou o Capitão-Tenente Leonardo Gama Macedo que ocupa a função de Encarregado Geral do Armamento (EGA) do Navio-Patrulha Oceânico “Apa” e será movimentado para o Centro de Adestramento Almirante Marques de Leão (CAAML), a fim de contribuir para a adaptação dos cursos da MB voltados para busca e salvamento, bem como para a criação de procedimentos operativos para os novos meios adquiridos.
O curso é ministrado nos Estados Unidos desde 1968, qualificando militares de diferentes nacionalidades. Segundo o Capitão-Tenente Leonardo Gama, as condições climáticas do local desafiam os limites de material e de pessoal. Durante a estadia no país norte-americano, a tripulação enfrentou chuvas diárias, ventos fortes e sensação térmica próxima a 0 ºC.
Para o Capitão dos Portos do Rio de Janeiro, Capitão de Mar e Guerra Luciano Calixto de Almeida Junior, esse é o início de uma nova fase de preparação para o recebimento dos meios navais, servindo como referência para qualificar e treinar as futuras tripulações da LSAR. O Comandante destaca, ainda, o “salto tecnológico e uma quebra de paradigma de emprego operacional” que essa nova embarcação trará para a MB.
Resgate em condições extremas
As novas Lanchas de Busca e Resgate (LSAR) têm capacidade para até seis tripulantes e podem resgatar até 20 náufragos. As embarcações são projetadas para enfrentar condições climáticas adversas, suportando ventos de até 40 nós, o equivalente a 74 km/h, além de resistir a ondas de quatro metros. As embarcações atingem velocidades próximas a 46 km/h (25 nós), com um alcance operacional de até 200 milhas náuticas (cerca de 370 quilômetros) e autonomia de, pelo menos, três dias em regime de cruzeiro, além de possuir o sistema de autoendireitamento, ou seja, uma tecnologia de construção que traz a embarcação para a posição normal em caso de emborcamento.
O grande diferencial da LSAR é a possibilidade de operar em condições severas com uma tripulação reduzida. Atualmente, o socorro a áreas costeiras e oceânicas é realizado por navios maiores, o que gera custos mais elevados com pessoal, manutenção e combustível. A prontidão das LSAR também é um fator determinante: enquanto um navio pode levar até quatro horas para iniciar uma missão, essas lanchas podem estar a caminho do socorro em apenas 30 minutos, reduzindo o tempo de resposta e aumentando as chances de sucesso nas operações de Busca e Salvamento.
SALVAMAR
O Serviço de Busca e Salvamento da Marinha do Brasil, conhecido como SALVAMAR, é responsável por coordenar e executar operações de busca e resgate em águas jurisdicionais brasileiras, garantindo a segurança da navegação e a preservação da vida humana no mar. Para acionar o SALVAMAR em casos de emergência, é possível entrar em contato pelo telefone 185, disponível 24 horas por dia, ou por meios de comunicação marítimos, como rádio VHF no canal 16, utilizado para chamadas de socorro.
Fonte: Agência Marinha de Notícias.