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A Embaixada do México no Brasil realizou, na tarde de quinta-feira (09), o evento aquaponia, uma proposta de ceviches tradicionais à base de frutos do mar brasileiros e mexicanos, preparados pela cozinheira tradicional, Lourdes Hernández e os chefes Dagoberto Torres e Carlos Tavares.
A iniciativa faz parte de um projeto que tem como propósito a produção de peixes e plantas em um ciclo fechado, sem gerar contaminação. A solenidade aconteceu em Brasília, reunindo embaixadores, membros do corpo diplomático, imprensa e amigos do México.
A Embaixadora do México no Brasil, Laura Esquível, iniciou seu discurso expressando, em nome do Governo Mexicano, a mais sincera solidariedade diante do desastre natural que esté ocorrendo no Rio Grande do Sul, informando que a Embaixada está recebendo alimentos que serão enviados em breve às vitimas afetadas pelas enchentes. Aproveitou para ressaltar que atualmente o mundo “enfrenta uma série de desafios a nível mundial que precisam ser devidamente acatados por meio da adoção de medidas para resolvê-los”.
Em seguida, explicou que a Embaixada acaba de iniciar um projeto de “Gastrodiplomacia”, termo utilizado “pelos irmãos colombianos, e que nós adotamos, pois representa claramente uma boa forma de exercer o trabalho diplomático”. Lembrou que a culinária mexicana é “considerada pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade” e um lembrete, uma reserva de conhecimento ancestral e uma proposta ecológica para o futuro.
Esquível explicou que o projeto de aquaponia oferece a “oportunidade de semear colher, cultivar e compartilhar nossos alimentos de forma comunitária. Quando um planta é compartilha com o próximo, dá-se o primeiro passo para fazer parte de uma comunidade que cuida do bem-estar de todos”. Apesar de parecer simples, para realizar o projeto, é necessário estar disposto a cuidar da vida, da água, do ar e do alimento, desde o nascimento até sua morte.
Na solenidade, a Embaixadora falou também sobre o projeto piloto de Embaixadas Sustentáveis, propondo que o nome do tanque de aquaponia leve o nome de um grande ecologista mexicano, Coyote Alberto Ruz, que tanto amou e percorreu o Brasil.
Laura Esquível finalizou agradecendo a todos os participantes e convidados pela presença, destacando a parceria do Ministério de Pesca e Agricultura do DF e ao Senar, que por sua vez, ajudou a coordenar o workshop de construção do tanque de peixes e também o workshop de piscicultura.
O Presidente do Senar, Dr. Fernando Ribeiro, falou sobre a atividade que o Senar executa no Brasil, destacando que o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural tem como missão fazer a formação profissional das pessoas que moram no campo. “Nós fizemos, nos últimos 10 anos, mais de 4 milhões de atendimentos aos produtores rurais no país’, sublinhou Ribeiro. Disse ainda “estar de portas abertas para prestar qualquer tipo de auxílio à Embaixada Mexicana quando necessário.
Próximo a discursar, Ivan Nakandakare, Instrutor do Senar, explicou sobre o funcionamento do sistema de aquaponia e tanque de peixe, no qual tem início com a “criação do peixe, e todos os resíduos que sobram, como sobra de ração, pés, entre outras coisas, que viram nutriente para as plantas”. Em seguida, acontece o cultivo do pescado, dos peixes, em específico, as tilápias.
Posteriormente, tem a parte hidropônica, que é a parte de cultivo de vegetais. “Toda a parte, então, de dejetos é transformada em nutriente para a planta, pois ela consegue absorver, voltando com a água para o próprio ciclo do peixe”, disse. É um sistema fechado em que se consegue produzir tanto proteína de origem animal, que é o pescado, o peixe, como a parte de plantas”, concluiu.
A cozinheira tradicional mexicana e grande amiga da Embaixadora Esquível, Lourdes Hernández, explicou aos convidados sobre a preparação dos pratos servidos, sendo eles: ceviche estilo colina; ceviche de robalo em salsa verde, de ervas frescas com manga; ceviche estilo acapulco e aguachile de Camarões. Para a sobremesa, Hernández preparou um delicioso Apapacho de manga.
Primeiramente, a renomada chef falou sobre um ceviche bastante tradicional, que é o de estilo colina, um prato saboroso, cujo peixe já foi cozinhado antes, sendo bastante fresco. Em sua preparação, leva coentro, salsinha, limão e é servido dentro de uma tostada com guacamole.
“O segundo ceviche é um prato mais contemporâneo, que eu encontrei graças a um jornalista cozinheiro que fez um ceviche com traços orientais”. O peixe utilizado para este ceviche é o robalo, cortado em tiras ou em cubos. De tempero, salsa verde e ervas frescas se unem aos pedaços de manga, formando um sabor único e adorado por todos aqueles que o experimentam.
Já o terceiro ceviche, de Acapulco, Lourdes Hernández classificou como “clássico”. É de autoria de Roberto Torres, um grande cozinheiro colombiano, dono de um restaurante ótimo em São Paulo, que se chama Balu. Este prato, com temperos marcantes e pimenta, é encontrado facilmente em toda a região mexicana de Acapulco.
Por sua vez, o Aguachile de camarões é um prato que geralmente é servido como aperitivo/prato de entrada. A combinação de pimenta, coentro e limão neste prato é tão fresca que, quando combinada com o camarão, está bem próxima da combinação de sabor perfeita.
Finalizando, a chef falou sobre a sobremesa de apapacho de mango, um prato cujo nome vem do verbo amassar, que é basicamente, um creme doce de manga amassada.
Na solenidade, que aconteceu no Jardim da Embaixada do México, foram entregues os certificados do curso “AquaPonia” aos participantes: Carlos Eduardo Camargo, Cintia Lima Pereira, Fernando Lopes Ribeiro, Jaime Aparecido Gomes de Almeida, Javier Bueno Vazquez, Lenika Duarte Herrera, Lucilo de Almeira Ferreira, Manoel Gomez de Souza, Mauri-Neia Gonzalez de Araujo e Telma Santos da Costa.
Aquaponia
A aquaponia é um sistema de produção que permite redução de custos ao produtor rural por conta da integração entre duas produções: aquicultura e hidroponia. E, ainda, beneficia o meio ambiente, já que a água utilizada é reaproveitada de maneira sustentável.
A tilápia é o melhor peixe para cultivar na aquaponia, pois é um peixe resistente e tem uma dieta diversificada. Não requer muito oxigênio dissolvido. Elas são onívoros, comem rações vegetais e animais.
Segundo a Embrapa, por ser um sistema de recirculação de água fechada, a aquaponia proporciona economia de até 90% de água em relação à agricultura convencional, além de eliminar completamente a liberação de efluentes diretos no meio ambiente, pois trata-se de um sistema de criação fechado.