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A Comissão de Relações Exteriores (CRE) aprovou nesta quinta-feira (28) a indicação do diplomata Carlos Luís Perez para a chefia da embaixada brasileira na República Dominicana.
O relatório da indicação de Perez foi feito pelo senador Alessandro Vieira (MDB-SE) e apresentado por Esperidião Amin (PP-SC). Destaca que as exportações brasileiras para a República Dominicana, em 2022, ultrapassaram US$ 1 bilhão, enquanto as importações foram de apenas US$ 29 milhões, configurando portanto um superávit de cerca de US$ 1 bilhão para o Brasil. Na cadeia exportadora, destacam-se as carnes de aves, produtos manufaturados e produtos químicos.
Vieira elogiou o plano do Itamaraty de promover mais exportações nos setores siderúrgicos, de veículos, máquinas e equipamentos, material de construção, entre outros, assim como identificar, através de estudos de mercado, outras possibilidades.
— O Itamaraty também busca consolidar ainda mais o suprimento regular de carnes, além das aves, ao mercado dominicano, tendo em conta as vantagens das exportações brasileiras, em qualidade e preço, em relação aos atuais fornecedores externos — pontuou Amin, lendo o relatório de Vieira.
Amin, além de Hamilton Mourão (Republicanos-RS) e Margareth Buzetti (PSD-MT), reforçaram que o incremento ainda maior das exportações do agro para a República Dominicana tende a favorecer as regiões sul e centro-oeste brasileiras, que já são grandes produtores e exportadores.
Crescimento
Na sabatina, Perez destacou que a República Dominicana é hoje a maior economia da América Central e do Caribe:
— O país tem um projeto de desenvolvimento que apresenta bons resultados, mas que ainda busca corresponder a certas expectativas na área social. Nas últimas três décadas, a economia dominicana cresceu em média acima de 5% ao ano. O elevado crescimento tem produzido um aumento sustentável nos níveis de emprego.
Perez também chama atenção para o boom turístico pelo qual a nação caribenha passa nas últimas décadas. Em 2022 por exemplo, a República Dominicana recebeu 7,2 milhões de turistas estrangeiros, mais do que o Brasil, e deve chegar a 9 milhões em 2023. Só em 2022, o setor de hotéis, bares e restaurantes cresceu 24% devido ao aumento do turismo após a campanha de vacinação contra a covid-19.
Outro dado apresentado é que a República Dominicana é o maior receptor de investimentos estrangeiros na região. Em 2022, o país alcançou um recorde de investimento estrangeiro direto (IED), chegando a US$ 4 bilhões, o equivalente a 35% dos fluxos de IED para a América Central. O setor de turismo foi o principal atrativo.
— E as projeções de crescimento após 2023 são otimistas, superando 5%, devido às reformas estruturais em energia, inclusive com aporte do Banco Mundial, e em água, além das parcerias público-privadas. Também há esforços para melhorar o capital humano e atrair mais investimento estrangeiro, sustentando o potencial de crescimento no médio prazo — acrescenta Perez.
O diplomata chamou atenção, no entanto, para riscos à República Dominicana no cenário externo. Os maiores perigos advêm da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, em razão do seu caráter inflacionário, principalmente porque o país importa petróleo, gás natural e cereais.
A indicação de Carlos Luís Perez seguiu para análise pelo Plenário do Senado.
Foi aprovado também o nome do diplomata Gustavo Rocha de Menezes para o cargo de embaixador do Brasil em Mianmar, no Sudeste asiático. A indicação (Mensagem 55/2023) foi aprovada com 47 votos favoráveis, três contrários e uma abstenção.
A República da União de Mianmar segue sistema de governo presidencialista. O território tornou-se independente do Reino Unido em 1948 e, hoje, tem 54,2 milhões de habitantes. Na véspera da posse do novo Parlamento, em fevereiro de 2021, o então presidente Win Myint foi detido junto a outras autoridades. Desde então, foi instalado um regime militar que segue no poder.
Durante a sua sabatina na Comissão de Relações Exteriores (CRE), em agosto, o diplomata indicado lembrou que Mianmar está localizado em região estratégica, em termos de comércio e produção, para a qual o Brasil mantém interesse firme. Ele afirmou que a instabilidade política pode, sim, resultar em impacto nas relações bilaterais. Mas afirmou que é preciso olhar para os anos de relações bilaterais e também para o futuro, para pensar nas chances de recuperação do outro país.
As relações diplomáticas entre o Brasil e Mianmar foram iniciadas em 1982. A única embaixada mianmarense na América do Sul é localizada em Brasília e está em atividade desde 1996. Atualmente, estão em vigor acordos bilaterais nas áreas de cooperação técnica e de isenção de vistos.
Currículo
Gustavo Rocha de Menezes nasceu no Rio de Janeiro em 1967. É formado em Economia e tem mestrado em Relações Internacionais. Ele ingressou no Instituto Rio Branco em 1994 e iniciou a carreira diplomática em 1995. Entre 2021 e 2022, chefiou o gabinete do então ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
Já o diplomata Rodrigo Gabsch foi indicado para a chefia da embaixada brasileira no Kuwait. O relatório da indicação de Gabsch foi feito pelo senador Fernando Dueire (MDB-PE). Destaca que em 2022 o intercâmbio comercial Brasil-Kuwait chegou a US$ 632 milhões, aumento de 158% em relação a 2021. As exportações brasileiras, de US$ 301 milhões, aumentaram 55% quando comparadas a 2021. E as importações chegaram a US$ 331 milhões, incremento de mais de 550% em relação ao ano anterior. Houve, portanto, um superávit de pouco mais de US$ 30 milhões em favor do Kuwait. O Brasil exporta principalmente carne de aves ao país árabe, 78% do total (US$ 126 milhões) em 2022. E importa especialmente óleos combustíveis de petróleo, 88% do importado do Kuwait, totalizando US$ 293 milhões.
Dueire destacou ainda os esforços do Itamaraty visando atrair investimentos do fundo soberano do Kuwait para a nossa economia.
— O Kuwait tem um grande potencial no âmbito de investimentos, haja vista o fundo soberano do país, o 3º maior do mundo e que controla ativos estimados em US$ 737 bilhões. No Brasil, os investimentos kuwaitianos alcançam US$ 2 bilhões, mas há interesse em incrementá-los em áreas como petróleo, energia renovável, mineração, segurança alimentar e finanças — pontua o senador.
Durante a sabatina, Gabsch lembrou que o Kuwait é dono da 9ª maior reserva de petróleo no mundo, correspondente a 6% do total mundial. Também destacou que o PIB kuwaitiano cresceu 8,1% em 2022. E o objetivo da embaixada é retornar as trocas comerciais para patamares próximos ao alcançado em 2014, quando as trocas Brasil-Kuwait superaram U$ 1 bilhão.
A análise da indicação de Rodrigo Gabsch para a chefia da embaixada brasileira no Kuwait seguiu para análise do Plenário do Senado.