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Após os primeiros resultados, que indicaram que os partidos de esquerda terão entre 172 a 192 cadeiras na Assembleia Nacional, Jean-Luc Mélenchon, líder da França Insubmissa, foi o primeiro a comentar a votação. Junto a outros líderes da Nova Frente Popular (NFP), ele lembrou do difícil cenário da campanha, realizada em apenas três semanas e que indicava a vitória para o partido de extrema direita Reunião Nacional, de Marine Le Pen e Jordan Bardella, que chegou em primeiro no 1° turno da votação.
“Nosso povo votou com consciência”, disse ele, agradecendo à população e a todos os candidatos que retiraram suas candidaturas para barrar o RN.
“Essa noite, o RN está longe de ter a maioria absoluta (na Assembleia), o que é um imenso alívio para a maioria, para todos aqueles que amam a França”, completou para, em seguida, se posicionar de forma firme contra o presidente Emmanuel Macron.
“O primeiro-ministro (Gabriel Attal) precisa sair. O presidente tem o poder e ele tem o dever de chamar a NFP para governar. Nós estamos prontos, respeitaremos os mandatos que foram dados pelos eleitores, e com isso aplicaremos o nosso programa. (…) Não vamos aceitar outros subterfúgios, desvios ou arranjos. A derrota do presidente e da sua coalizão está clara”, declarou.
Ecologistas e socialistas comentam
A secretária nacional dos Ecologistas, Marine Tondelier, elogiou a união da esquerda e comemorou a conquista da Nova Frente Popular. Ela fez coro com Mélenchon ao reforçar que o grupo político pretende impor o seu programa de governo, que tem foco nas questões ambientais e na revogação da reforma da Previdência.
“Continuaremos exatamente como nos últimos dias, calmos, apoiados nos nossos valores e determinados. A esperança que criamos nos obriga a isso”, disse ela, destacando que é muito cedo para se falar, na noite de hoje, em um nome para o cargo de primeiro-ministro.
Olivier Faure, primeiro-secretário do Partido Socialista, destacou que o programa da NFP pretende ainda taxar os super ricos, aumentar o salário-mínimo e promover a valorização profissional.
“Nos próximos dias, o nosso papel será de refundar um projeto coletivo para o nosso país. A França merecia mais do que uma disputa entre neoliberais e fascistas para responder a inúmeros desafios como a guerra, as desigualdades, o aquecimento global. Não aceitaremos nenhuma coalizão de contrários e nem prolongar as políticas macronistas. Faremos com que nosso país se reencontre. Precisamos encontrar a força de um país reunido”, alertou.
“Temos uma única bússola: o programa da Nova Frente Popular. Essa noite chegamos a uma maioria relativa, por isso peço que (os demais partidos) reconheçam a sua derrota e que não se unam ao RN para impedir a NFP de governar”, completou.
Bardella lamenta
Antes cotado para ser o novo primeiro-ministro, Jordan Bardella lamentou os resultados. “Infelizmente, a aliança da desonra priva os franceses de uma política que eles buscavam e foi demonstrada no primeiro turno. Esses acordos jogam a França nos braços da extrema esquerda de Mélenchon”, disse, em referência ao líder do partido A França Insubmissa.
Bardella reforçou que o Reunião Nacional vai continuar defendendo os interesses de seus eleitores na Assembleia Nacional, sob a liderança de Marine Le Pen, especialmente quanto às pautas prioritárias do partido como o combate à imigração e ao que ele chama de “ecologia punitiva”.